domingo, 30 de janeiro de 2011

As duas primeiras provas do ano.


Uma semana se passou e muita coisa aconteceu. Três treinos e duas provas. Nos treinos tudo normal,  um longão, um com subidas, neste me matei achando que tava correndo pra caramba e quando vi eu tinha era feito uma caminhada rápida, mas é assim que começamos não é?

Nas provas eu posso dizer que não fui mal. A primeira delas foi a Troféu São Paulo, na região do Ibirapuera. Prova de 10km que eu faria pipocando, mas ganhei a inscrição do meu amigo #twittersrun Marcos Curvelo, ele ganhou a promoção da Marathon só que não poderia vir pois mora no interior e terça era feriado só aqui em São Paulo, então ele me deu a cortesia que ganhou. A prova é bacana, no ano passado fiz os 6 km dela e gostei bastante. Neste ano o desafio era encarar os 10 km, minha primeira prova do ano, e fiquei 4 minutos acima do meu recorde pessoal mundial de mim mesmo. Tive dois momentos legais nessa prova, o primeiro foi uma disputa com dois bombados que haviam passado pro mim no segundo quilômetro num ritmo muito bom, até ai normal, se tem uma coisa que acontece em provas é eu ser passado por outros corredores, nem ligo, mas estes dois me irritaram porque eram bombados e depois que passaram por mim deram risadas, risadas que diziam: “se liga nesse gordo tentando correr”, claro que nem tentei chegar perto deles, mas  eu os alcancei no km 6, eles estavam se arrastando, andando mesmo. Passei por eles feliz, sem problema algum e ainda mandei um “não para não”. Pura maldade, mas todo mundo sabe que eu faço este tipo de coisa mesmo, né? Eles ficaram doidos e começaram a correr novamente e vieram atrás de mim, me passaram, mas não agüentaram nem 300 metros, passei por eles novamente e sumi. Lasquem-se bombados! Depois disso, já chegando aos metros finais da prova, foi o segundo momento legal, eu tentei passar um senhor oriental, ele vinha no mesmo ritmo que eu há um tempo, mas eu resolvi que chegaria antes dele e acelerei no final, passei por ele e um metro antes do tapete ele pulou pra minha frente, do nada, completamente do nada, achei tão incrível isto que tive que parabenizá-lo depois do pórtico, numa conversa rápida descobri que ele corre há mais de 10 anos e tem 62 anos, o dobro da minha idade. Fiquei sem palavras, mas o sorriso tava lá.

A outra prova foi hoje, (ou ontem se você considerar que já são 23:33 e vou enrolar mais um pouco pra terminar o texto, revisar e postar.) era a primeira corrida do Circuito Nacional do Carteiro 2011, prova realizada no Mundo Mágico de Osasco, prova casca dura, não pelo percurso, mas pelo sol e com a largada às 09hs da manhã. Foi uma coisa braba antes mesmo da largada, o calor estava terrível. Encontrei muitos amigos corredores que não via há algum tempo. Comecei a prova com um amigo do trabalho, que estava lá pra tentar os 10km, ele me acompanhou nos dois primeiros quilômetros, mas depois não agüentou o meu super ritmo e ficou pra trás, no decorrer da prova ainda passei pela minha amiga Lika que corrida com o nosso amigo Daniel, normalmente corremos no mesmo ritmo, mas desta vez eu terminei quase 10 minutos antes dela, apesar do sol absurdo eu mantive um bom ritmo por toda a prova, dei uma desanimada no sexto quilômetro, talvez pelo fato de ter passado pelo pórtico de chegada e lembrar que eu precisava dar mais uma volta inteira pra terminar a prova, eu sempre acho um problema estas provas que têm percursos em voltas, pra quem não consegue se concentrar por mais de 5 minutos na mesma coisa, dar duas voltas de 5 km numa corrida é um sacrifício muito maior do que uma pessoa normal possa imaginar. Mas no fim das contas minha prova foi muito boa. Meu tempo final ficou dois minutos acima do meu recorde e eu sobrevivi a todo o calor deste domingo de verão.  Mas vou dizer que quando for presidente proibirei o calor neste país, votem em mim!

sábado, 22 de janeiro de 2011

A fábrica de sorrisos


Lá se foram mais dois treinos esta semana, no de quinta tudo normal, 50min de corrida moderada com subidas, me aventurei em algumas subidas da USP junto com meu amigo Batatinha, que trabalha comigo, e até que não foi tão ruim. O ritmo foi praticamente o mesmo do treino anterior, foi um pouco desanimador, mas depois me lembrei que foi um treino com subidas. Como esta é, praticamente, a primeira semana de treinos de verdade do ano, não posso esperar muito mesmo, já fiquei feliz por não ter sentindo as minhas canelas queimarem como senti nos treinos anteriores. Podem ver o resultado deste treino aqui.

Hoje fui à USP mais uma vez, mais um treino, desta vez sem subidas, mais 50min de corrida, sendo 45 moderados e 5 fortes, acabei forçando um pouco mais no tempo todo e fiz alguns metros a mais do que faria no que vem sendo o meu ritmo moderado da semana. Foi um treino bom, meu ritmo ficou abaixo do padrão da semana, ainda não consegui alcançar aquele maldito bonequinho do Garmin, mas eu vou conseguir logo mais. Não senti minhas canelas queimarem, mas senti o meu famoso joelho esquerdo depois que parei de correr, enfim, quem mandou estourar o joelho com 6 anos de idade e se manter gordo por anos e anos sobrecarregando o coitado do joelho apodrecido? Agora só posso agüentar e mais nada.  

Logo depois que corri, fazendo os 5 minutos de caminhada para desaquecimento, tive a idéia de escrever este texto e também do título dele.

Cheguei pouco depois das 08hs na USP, fui ao ponto de encontro do pessoal da Corre Brasil, minha assessoria, e lá encontrei o grande amigo Danilo e a minha amiga queridona Re Tucunduva, além de todo o pessoal da Corre Brasil que são sempre muito divertidos e muito companheiros. Isto sempre me deixa feliz, adoro encontrar gente, falar, bagunçar, etc. Quem me conhece sabe, eu sou um falador. Fiz meus alongamentos e parti para os meus 50 minutos de corrida. Quase no final do treino encontrei o meu amigo Marco Uras, aquele do primeiro post, que era meu chefe e foi o cara que me fez começar a correr, devo tudo isto a ele, com certeza. Terminei o treino e, como já disse antes, na caminhada de desaquecimento comecei a pensar (sim, eu faço isso de vez em quando).

Como sempre acontece aos sábados, a USP estava lotada de corredores e ciclistas e uma coisa é quase sempre um padrão no pessoal que pratica esportes, o bom humor. Vocês já notaram como as pessoas quase sempre estão sorrindo, conversando sobre as mais variadas coisas quando estão em grupo e brincando um com o outro quando estão praticando esportes?

Num determinado momento da caminhada uma moça, que vinha no sentindo contrário, parecia que estava sofrendo com o seu treino, estava até com um aspecto de cansada, tenho certeza que o treino dela era umas 10 vezes mais pesado que o meu, mas sabe o que ela estava fazendo? Ela estava sorrindo!

Vocês sabem que eu sou um rapaz meio bobo, adoro sorrisos, principalmente nas mulheres é claro, e aquilo me deixou tão feliz, melhorou o meu dia, que já não estava ruim. Então eu pensei: a corrida é mesmo uma fábrica de sorrisos! Não adianta falar que você sofre, fica com dores e tudo mais, em algum momento você verá seus amigos corredores, estará no meio do seu treino e lembrará dos seus esforços, do seu suor, ou verá um gordo bobo andando depois de um treino e  vai sorrir pra ele por qualquer motivo que seja. Tornará o dia deste gordo bobo melhor e ele vai sorrir pra alguém depois e este alguém terá um dia melhor, vai sorrir pra alguém também e por ai vai. 

Então quando estiver correndo, ou não, e me vir, dê um sorriso, se você for um homem cabra macho, daqueles que acham meio estranho essa coisa de sorrir pra outro cara no meio da rua, apenas me mande à merda com aquela ênfase de companheirismo que só nos homens conseguimos entender, funcionará também. 

Façam o teste, vocês serão contratados pela fábrica de sorrisos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O sonho, a poça de lama e a tartaruga

Ontem fiz meu primeiro treino com o Garmin, foi um treino bacana, a planilha do Prof. Augusto pedia 50 minutos de corrida em ritmo moderado, parecia que estava indo bem, num ritmo bacana, mas acho que exagerei demais no moderado, como podem comprovar aqui no site do Garmin Connect, ritmo médio de 08:21 min/km não é algo que seja digno de muito orgulho pra alguém que já corre há quase dois anos.

Outra coisa que pode ser bem vista no site do Garmin é que eu realmente não faço a menor idéia do que é manter ritmo de corrida. O gráfico é um sobe e desce tão doido que fica até difícil de entender como eu estava num ritmo de 7:43 min/km, cai pra 10:49 min/km e logo em seguida subi para 5:13 min/km. Tentei me lembrar se estava fugindo de algum cachorro desgarrado que resolveu me atacar no meio do treino, ou atravessando alguma rua bem na hora em que uma Ferrari de Formula 1 estava vindo em sétima marcha, mas não foi o caso, tenho certeza que me lembraria de coisas assim no meio do treino. Isto só que dizer que não menti no texto anterior quando disse que não sei manter ritmo de corrida.

Mas, na tentativa louca de criar uma Ferrari imaginária, eu me lembrei que houve algo engraçado no treino, que condiz exatamente com o fato do meu ritmo ter caído em um ponto específico do gráfico. Desviei de uma  poça d’água no meio da pista de corrida da Edgar Faccó (que poderia ser bem vista como um grande oceano caso eu fosse uma pequenina formiga), e o caminho escolhido para o desvio foi a grama mal tratada, mal iluminada e não cortada do canteiro central da avenida. Eu deveria ter deduzido o que iria acontecer no momento do desvio, mas meus pensamentos eram de que eu não poderia parar de correr para achar um caminho melhor, e no momento que executei a maravilhosa manobra de desvio enfiei o meu pé em uma exuberante poça de lama, deve ter sido uma coisa linda de se ver, vários ambulantes teriam rido de mim se não estivessem ocupados tentando chegar em casa naquela noite chuvosa depois de um dia cansativo de trabalho, alguém deve ter visto e dado boas risadas, espero que tenha feito o dia desta pessoa melhor, porque o meu ficou divertido, não parei de dar risada depois disso, mas continuei correndo. O mais incrível é que no caminho de volta eu fiz exatamente a mesma coisa e, confesso, não foi de propósito, eu simplesmente não me lembrei da poça de lama e enfiei o pé com tudo na coitada, imagino quantos microorganismos foram mortos por mim naquele pequeno pedaço de terra molhada, uma pena.  Meu tênis ficou lindo cheio de lama, a meia também.



Apesar dos momentos cômicos do treino eu digo que não fiquei tão contente com ele, estava bastante cansado no final e achei que tinha feito um bom ritmo no treino todo, fiquei surpreso quando baixei o treino para o site e vi um desempenho pífio. Os mais pessimistas podem dizer que eu estou longe de fazer uma boa meia maratona com este ritmo, e eu até me incluiria nesta lista em alguns momentos da minha vida, mas no momento eu prefiro acreditar que estou assim porque engordei bastante no fim do ano, não treino regularmente há pelo menos 3 meses e tenho ainda alguns meses até a minha estréia na Meia Maratona da Corpore.

Sobre o Garmin eu só posso dizer que ele atende minhas expectativas muito bem, foi um ótimo companheiro na corrida, me mostrou a minha verdadeira condição de corredor tartaruga e tem até chances de ser chamado de Robin, ou sei lá, talvez eu arrume um apelido melhor pra ele, apelidos merecem ser bem pensados, são nomes que as coisas, e as pessoas, ganham e carregam consigo pra sempre.

Amanhã tenho mais um treino, espero que desta vez eu não me encontre com uma poça de lama, caso isto aconteça eu não terei tênis pra correr nos treinos do final de semana.

domingo, 16 de janeiro de 2011

O Robin que todo o Batman corredor precisa.


Desde que comecei a correr notei que tenho um sério problema pra manter o ritmo na corrida, hora to correndo demais, hora to correndo de menos, hora to quase parado e por aí vai. Até comprei um monitor cardíaco quando comecei a correr, mas o danado não durou nem seis meses. Começou com um problema, na transmissão de sinal da cinta, que mede os batimentos, pro relógio, posteriormente descobri que o problema é da marca. Nas corridas o treco pirava, pegava o batimento de todo mundo que tava perto de mim, coisa horrenda, chegou a marcar 500 batimentos por minuto uma vez, eu estaria mais do que morto com isso, teria explodido, ou algo assim, depois ele começou a comer bateria como se a bateria fosse um bife cru apetitoso pra um leão faminto. Troquei a bateria duas vezes e então desisti de usá-lo. Era um Oregon, não recomendo pra ninguém, a única coisa legal dele é que era laranja, adoro coisas laranja, ainda terei um carro laranja (uma Lamborghini se possível).

Pois bem, já vinha com planos de comprar um monitor cardíaco descente pra mim há algum tempo, depois que decidi correr a meia da Corpore isso passou de plano pra desespero porque, pra mim, é impossível correr uma meia maratona sem aprender a manter ritmo. Não sabia o que fazer, pois eu não sou uma pessoa que tem muito poder aquisitivo para gastar mais de mil Reais em um equipamento (e ainda dizem que é barato correr, balela!!!), por mais necessário que ele seja. Mas eis que surgiu um dos inúmeros amigos que fiz depois que comecei a correr, o Halison, ele completou o desafio do Pateta na Disney e, antes de ir, teve a maravilhosa idéia de comprar um Garmin pra mim por lá, me ofereceu o favor e eu aceitei, ficarei um cadinho apertado, mas vai saber quando terei a chance de comprar um aparelho desses por quase a metade do preço que é vendido aqui?

Hoje ele veio aqui em casa trazer o dito cujo pra mim, conversamos por um baita tempo, ele me contou quase tudo sobre a viagem dele e eu fiquei babando de vontade de ir pra lá e completar, sabe-se lá Deus como, o desafio também. Quem sabe seja um plano pra 2012, ou 2013. (Se o mundo não acabar no ano anterior, né?)

O aparelho é bem bacana, é um Garmin 405, bonitão (pena que não é laranja.), cheio de funções, canta, dança, sapateia, faz café e ainda serve muito bem como monitor cardíaco, GPS e puxador de orelha nos treinos, perfeito. Só falta aprender a usar, passei a tarde debulhando o manual e fuçando no coitado, já aprendi algumas coisas, mas tenho certeza que não é a metade do que ele consegue fazer, tenho saudades de quando eu tinha o dom de não ler os manuais e aprender a mexer em qualquer coisa que tivesse resistores, transistores, circuitos integrados e processadores, talvez eu já esteja meio velho, vai ver é por isso que não consigo manter meu ritmo sem uma pequena ajuda.

O importante é que agora eu tenho um equipamento que vai me ajudar bastante na preparação para a prova, espero que ele seja um cara fiel comigo e que me ajude bastante, assim como o Robin ajuda o Batman. Talvez eu o chame de Robin mesmo, quando tivermos um relacionamento mais amigável, afinal eu estou tão gordo quanto o Adan West estava quando representava o homem morcego no maravilhoso seriado dos anos 60.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Ano novo, vida nova, desafio novo.

Depois do que contei no texto anterior muita coisa aconteceu, muitas corridas, muitas pipocas, muitos amigos novos. Tenho muitas histórias pra contar, mas vou deixar pra quando lembrar de todas elas e tivermos momentos propícios pra isso.

O assunto agora é meu próximo desafio, porque é assim que eu funciono, se não tem um porque eu não faço, não mesmo. Vou contar tudo que me fez pensar em encarar este.  

Na terça da semana passada, depois do meu primeiro treino do ano, me pesei e não fiquei nada contente com o que vi no ponteiro da balança. Todos sabem, e o nome do blog diz, que estou fugindo dos três dígitos da balança, pois bem, não estou nos três dígitos, mas é por muito pouco, pouco mesmo, estou 99,5kg, considerando a margem de erro do IBOPE para as eleições do ano passado posso estar com 96,5kg, mas também posso estar com 102,5kg.

Isto não é nada bom, quem me conhece bem sabe que vencer minha preguiça é uma tarefa das mais ingratas e difíceis, além disso, no ano passado passei por altos e baixos, nos treinos e na vida, e depois de novembro foi tudo mais pra baixo do que pro alto. Com a doença da minha mãe os meus horários ficaram doidos, eu passava o dia em casa brincando de dona de casa e as noites no hospital, como acompanhante da minha mãe, graças a isso passei mais de um mês sem correr, depois que ela melhorou e saiu do hospital eu já tinha perdido o pique e foi difícil correr cada metro que precisei correr até o encerramento do ano na decepcionante (graças à desorganização da Yescom) São Silvestre  do último dia 31. Juntando tudo isto com as festas de fim de ano eu cheguei novamente nos três dígitos.

Hora de reagir! Já vinha pensando em tentar uma meia maratona desde o meio do ano passado, sabia que seria neste ano, queria que eu estivesse mais leve pra encarar esta, mas tenho que traçar um objetivo que eu ainda não alcancei para poder me motivar a continuar correndo. O amigo Danilo já tinha me escalado para acompanhá-lo na Meia Maratona da Corpore, o Rogério Lagos também, e muitos dos #twittersrun também já haviam me incentivado a encarar este desafio. Depois de toda esta força eu só tive que enviar um email para o meu treinador, o Augusto da Corre Brasil, e ter o aval dele de que eu poderia tentar esta pequena loucura. Ele confirmou que eu poderia e indicou exatamente a Meia Maratona da Corpore, por ter um percurso com um grau de dificuldade não muito grande.

Tenho pouco mais de três meses para me preparar para este desafio, sei que não será fácil. Os primeiros passos já foram dados esta semana, não como eu gostaria ou como as planilhas pediram, mas foram dados. Agora estou me planejando melhor para mudar meus hábitos, dormir mais cedo, comer melhor, treinar melhor e tudo mais que deve ser feito. Quero terminar esta meia maratona inteiro, sem estar podre, sem ter duas horas de câimbras depois da prova e, se possível, sem andar. Vou procurar uma academia também, tenho certeza que preciso de musculação, minhas pernas estavam com uns 200kg cada nos treinos dessa semana, e minhas dores nas costas também estão incomodando bastante. Mas o objetivo está traçado, está aí e eu não vou vacilar.

Nada melhor do que ter um objetivo. Custou muito para que eu percebesse isso, nunca tive um, mas depois que comecei a correr eu aprendi que ter um objetivo é a única coisa que te mantém na luta, que te mantém vivo, porque você só consegue ir pra algum lugar se souber pra onde está indo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O começo da fuga.


Tudo começou quando comprei meu primeiro carro, há anos atrás, quando eu ainda tinha meus 18 anos. Até então eu era praticamente um esportista, mesmo sem saber, pois pedalava vários quilômetros por semana, sem nem perceber. Saia da escola, ia pra casa, fazia minhas lições, subia na magrela e perambulava pelas ruas de Pirituba, na zona noroeste de São Paulo, até a noite chegar. Bons tempos, duvido que passei dos 75kg em algum dia desta época. 

Mas o carro chegou, tão esperado, tão querido, e eu aproveitava cada oportunidade que tinha de tirá-lo da garagem. Vamos à padaria? Claro, vou pegar as chaves do Fuca (sim, eu o chamava assim). Era carro pra todo o lado, pra fazer tudo. 

O tempo passou e eu nem percebi, comecei a fumar e ao mesmo tempo me tornei um viciado em comida, ia à vários restaurantes, comia de tudo, experimentava tudo. Quase 10 anos depois notei que estava muito acima do peso ideal, muitos já avisavam, mas eu não ligava pro que diziam. Me pesei e desanimei, 112kg. Estava nos 3 dígitos, não imaginei que o caso era tão grave, sempre dizia que nos 3 dígitos eu não poderia chegar, pois bem, cheguei que nem vi.

Percebi que chegava pra trabalhar e sempre estava sem fôlego, precisava subir três lances de escada pra chegar à minha sala. Neste mesmo escritório eu tinha um chefe que já corria há alguns anos e sempre falava das provas, eu achava o máximo, gostava de ouvi-lo contando as histórias, via as medalhas, os números de peito. Fascinado pelo mundo que eu via nas histórias dele e já embalado por estar há alguns meses sem fumar e sem tomar refrigerante graças a uma aposta doida, resolvi me inscrever em uma prova.

Escolhi a abertura da Corpore de 2009, só 5km, pra começar está bom, né? Pois é, comprei uma Runners e comecei a ler, percebi que precisava comprar um tênis e treinar, faltava pouco mais de 1 mês para a prova. E eu nem imaginava o que era correr, muito menos o que eram 5km. Encarei uma planilha de treino da revista, quase me acabei de tanto correr naquele mês e encarei a prova.

Venci os 5km em quase 50min., feliz, feliz pra caramba, nunca me imaginei correndo 1km sequer, e corri 5. E, mesmo andando em alguns pontos, isso já era uma vitória inimaginável. Cheguei sozinho, corri sozinho, peguei minha medalha sozinho e fui embora sozinho, sem falar com ninguém, caipira total, me senti um estranho no meio daquele monte de gente feliz demais, alegre demais, esportista demais. Mal sabia que em breve eu formaria dezenas de amigos graças às corridas, mas isto é uma história pra outro texto.

Neste texto comecei a contar a minha história, é uma história de luta pela sobrevivência, de esperança, e mesmo que seja uma luta que poderia ser enfrentada com mais garra sei que com o tempo vou corrigir este problema. 

Se você está aqui porque te conheci correndo, eu te agradeço por me dar forças em cada prova, mesmo que você não esteja nela, pois minhas amizades de corrida são as fontes de uma grande parcela da força que tenho pra continuar correndo e fugindo dos 3 dígitos. E se você está aqui porque é meu amigo de muitos anos  sabe que a corrida tem mudado muita coisa em mim e que se você ainda está comigo nesta caminhada é porque entende que preciso disto e merece muito a minha amizade, se não corre ainda, comece.